PMBOK: Ferramentas e Técnicas – Método PERT


Quando falamos do Método PERT, devemos distinguir duas ferramentas: o Diagrama PERT, que é uma das formas de representar uma rede de atividades e a Estimativa PERT, ou método de estimação por três pontos, que é o método de estimação baseado na média ponderada de três estimativas (estimativa pessimista, estimativa mais provável, e estimativa otimista).

Uma rede de atividades pode ser representada com o recurso a dois tipos de diagramas: Diagrama de Atividades no Nó, e Diagrama de Atividades na Seta. O Diagrama PERT (Programmed Evaluation and Review Technique) é outro nome que se pode usar para designar o Diagrama de Atividades na Seta.
 
O Diagrama de Atividades no Nó (Activity on Node) é o mais usual. Nele as atividades são representadas por caixas, e as respetivas interdependências são representadas por setas. Essas setas unem duas ou mais atividades, e definem a sequência em que as mesmas devem realizar-se e, por via disso, o respetivo calendário.

À primeira atividade chama-se predecessora, a segunda atividade tem o nome de sucessora.

As interdependências podem ter três causas distintas:

  • Dependência mandatária – Inerentes à natureza do trabalho a ser efetuado. Geralmente referem-se dependências de caráter físico;
  • Dependência discricionária - São estabelecidas com base no conhecimento de quem elabora o plano ou estão relacionadas com a aplicação de boas-práticas ou metodologias específicas no âmbito de uma área de aplicação específica.
  • Dependência externa – Envolve o relacionamento das atividades do projeto com atividades externas ao projeto (por exemplo, os testes de integração de um determinado software podem depender da disponibilidade de ambiente de qualidade, e de outros projetos, ou então a colocação das portas de uma habitação depende da entrega das mesmas por parte da empresa a que elas foram encomendadas). A imposição deste tipo de dependências baseia-se habitualmente em informação histórica de projetos de idêntica natureza.
Se usarmos o Método de Atividade no Nó, entre as diversas atividades podem estabelecer-se 4 tipos distintos de interdependências:

  • Fim para Início (Finish to Start) – O início da atividade sucessora depende do fim da atividade que a precede (predecessora). Este é o tipo de dependência mais utilizada;
  • Fim para Fim (Finish to Finish) – O fim da atividade sucessora depende do fim da atividade predecessora;
  • Início para Início (Start to Start) – O início da atividade sucessora depende do início da atividade predecessora;
  • Início para Fim (Start to Finish) – O fim da atividade sucessora depende do início da atividade predecessora. 

Diagrama de Atividade no Nó - Activity on Node (AON)

Com o Diagrama de Atividade na Seta (Activity on Arrow) - ver figura abaixo, também conhecido por gráfico PERT, só é possível representar uma interdependência Fim para Início (Finish to Start). Outro tipo de interdependências obrigam a adicionar ao gráfico atividades falsas (dummy). Isso, e o fato de a maior parte dos programas de software para suporte à gestão de projetos, não usarem este tipo de diagrama, faz com que o Diagrama de Atividade na Seta seja, relativamente, pouco usado.



Diagrama de Atividade na Seta - Ativity on Arrow (AOA)


Na aplicação do Método PERT são usados os seguintes conceitos que estão associados ao Diagrama de Atividade na Seta:

Evento PERT – Um ponto que marca o início, ou o fim de uma ou mais atividades. O evento PERT não tem trabalho associado e portanto não consome tempo nem recursos. Quando marca a conclusão de uma ou mais atividades, o evento PERT só ocorre quando todas as atividades que conduzem a esse evento são completadas;

Evento Predecessor - É um evento que precede imediatamente algum outro evento (relação 1 para 1). Um determinado evento pode ter múltiplos eventos predecessores e pode ser o predecessor de múltiplos eventos;

Evento Sucessor – É um evento que é imediatamente seguido de algum outro evento (relação 1 para 1). Um evento pode ter múltiplos eventos sucessores e pode ser o sucessor de múltiplos eventos.

Atividade PERT – Consiste no trabalho de concretização de determinada atividade. Nesta medida as setas que representam às Atividades PERT, representam igualmente conumo de recursos  (tempo, trabalho, materiais, instalações, máquinas). Assim, as atividades PERT podem ser entendidas como a representação do tempo, esforço e recursos que são necessários para avançarmos de um determinado evento para outro. Uma Atividade PERT não pode ser executada enquanto o evento precedente não ocorrer.

Estimativa Otimista (O) – É a quantidade mínima de tempo que é necessária para realizar determinada atividade. Assume que tudo irá acontecer melhor do que o que seria normalmente expetável.

Estimativa Pessimista (P) – É a quantidade máxima de tempo que é necessária para realizar determinada atividade. Assume que tudo irá acontecer da pior forma possível, isto é pior do que o que seria normalmente expetável. Exclui catástrofes e outros riscos maiores. Apenas contempla o que pode correr mal dentro daquilo que é a normalidade para o tipo da atividade em causa.

Estimativa Mais Provável (M) – É a melhor estimativa para a quantidade de tempo que é necessária para realizar determinada atividade. Assume que a execução irá decorrer de forma normal.

Em relação aquilo que se pode considerar Realização Normal de uma Atividade consulte o artigo sobre a Estatística da Distribuição Normal (a publicar brevemente neste blog).
 
Duração Esperada (TE = (O + 4M + P) ÷ 6) – Calcular a melhor estimativa para a realização de uma determinada atividade, passa por considerar que as coisas nem sempre decorrem de acordo com o esperado (Por vezes correm melhor, outras vezes pior e, algumas vezes de acordo com o esperado). Como não sabemos qual a probabilidade de determinada atividade decorrer melhor, pior ou como esperado, usamos uma média ponderada (O+4M+P) ÷ 6 para calcular a duração esperada da atividade. Como seria de esperar, e porque se assume que a duração esperada segue uma distribuição normal, a formula usada dá um peso maior à estimativa mais provável.

Flutuação ou Folga (Float, Slack) – É a medida do excesso de tempo e de recursos que estão disponíveis para a realização de uma determinada atividade. Representa a quantidade de tempo que a atividade pode ser atrasada sem causar o atraso de alguma das atividades subsequentes (Folga Livre) ou da totalidade do projeto (Folga Total). A margem de flutuação ou folga de cada atividade do projeto são calculadas na fase de planeamento do projeto, quando estamos a criar o cronograma do projeto, e atualizadas no decurso da execução, sempre que o cronograma for atualizado.

Caminho Crítico - É o caminho (sequência de atividades) mais longo desde o evento de inicio do Projeto até ao evento de fim do projeto. Determina o tempo total de calendário que é necessário para completar determinado projeto e, por isso, qualquer atraso registado nas atividades do caminho crítico determinará um atraso pelo menos idêntico, no evento de fim do projeto (Ver artigo sobre Método do Caminho Critico neste blog).

Atividade crítica – É uma atividade que tem uma margem de flutuação ou de folga total igual a zero. O que quer dizer que, qualquer atraso na conclusão da atividade tem necessariamente impacto na data de fim do projeto. Uma atividade pode ser crítica e não se encontrar no caminho crítico do projeto, isto é, uma determinada atividade pode ser crítica e não pertencer ao caminho mais longo do projeto.

Tempo de Antecipação (Lead) – É a quantidade de tempo que falta para completar a atividade predecessora a partir do qual a atividade sucessora se pode iniciar.

Tempo de Espera ou Atraso (Lag) – Depois de terminada a atividade predecessora, é a quantidade de tempo que a atividade sucessora tem de esperar antes de começar.

Executar Atividades em Paralelo (Fast Tracking) – Significa realizar em simultâneo, atividades que, normalmente, seriam realizadas em sequência.

Compressão do Caminho Crítico (Crashing) – É uma técnica de compressão do cronograma do projeto, que é executada sobre as atividades situadas no caminho crítico com o objetivo de diminuir a duração total do projeto.

Veja neste blog o artigo relativo a técnicas de compressão do cronograma do projeto.

Os diagramas PERT são usados em conjunto com o Método do Caminho Crítico (CPM). No PMBOK o diagrama PERT é um dos métodos para criar diagrama de precedências, usado como ferramenta do processo 6.2 Sequenciar Atividades do Projeto, enquanto o Método do Caminho Crítico (CPM), é uma ferramenta do processo 6.5 Desenvolver o Cronograma do Projeto, usada para determinar o caminho crítico, ou os caminhos críticos do projeto.

Artigo atualizado em: 12-Nov-2018





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